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terça-feira, 21 de junho de 2011

Seleção brasileira luta para encontrar o seu jogo na Copa América

Mano Menezes concede entrevista coletiva em São Conrado. Foto: Jorge William

A seleção brasileira dirigida pelo técnico Mano Menezes embarca nesta terça-feira para a Argentina, onde vai disputar a Copa América com alguns desafios pela frente. O primeiro deles será encontrar a sua identidade e fazer o torcedor se reencantar com o seu futebol.
O maior sintoma de que algo não anda bem neste relacionamento foi dado nesta segunda-feira na apresentação dos jogadores em um hotel em São Conrado. Longe do que reza a tradição, praticamente ninguém apareceu para recepcionar os jogadores. Um começo de relacionamento frio para mostrar que ainda não foi totalmente superado o período de isolamento e desconfiança que marcaram a passagem do ex-técnico Dunga.
Um outro desafio para Mano Menezes será fazer a seleção brasileira manter a coroa na Copa América. O Brasil tenta o terceiro título seguido (Peru-2004 e Venezuela-2007), mas, desta vez, na Argentina, seu principal adversário, que contará com o melhor jogador do mundo, Lionel Messi. Além disso, terá pela frente o Uruguai, de Diego Forlán, escolhido o melhor jogador da Copa do Mundo da África do Sul. O peso da competição e as cobranças aumentaram.
Mano Menezes tem plena consciência disso. Mas aposta no tempo que terá para trabalhar os jogadores. Serão 10 dias antes da estreia no dia 3 contra a Venezuela, mais cinco dias até enfrentar o Equador, para depois encarar o adversário teoricamente mais difícil da chave: o Paraguai. Se chegar até a final, serão 40 dias de trabalho e observação.
Estocadas e esperança
Pelo menos no discurso, Mano anda afiado em relação aos adversários e ao seu próprio time. Quando indagado sobre quem seria o grande protagonista da Copa América, tendo sido citados os nomes de Messi e Neymar, o treinador recorreu a um exemplo recente.
- Temos grandes jogadores na América do Sul. Uns estão mais acima, outros mais abaixo. Mas nada que não os deixe brilhar como o Neymar e o Messi. O último jogador sul-americano que foi destaque foi o Forlán, escolhido o melhor da Copa - lembrou Mano, para depois, jogar uma pressão maior sobre Messi.
- Às vezes, os jogadores arrebentam nos seus clubes, mas não conseguem um bom desempenho na seleção e vice-versa. O Messi faz maravilhas no Barcelona, mas não conseguiu fazer um bom Mundial na África do Sul. Mas o seu futebol é de altíssimo nível.
Um time mais fechado
O nível de jogadores e seleções logo em sua primeira competição internacional é que fazem o técnico apostar em um comportamento diferente de sua equipe. Sob seu comando, ela não conseguiu vencer adversários mais difíceis em jogos amistosos. Agora, ele diz que tudo vai mudar:
- O time vai estar mais fechado, concentrado e focado na disputa. Bem diferente dos amistosos. Uma coisa eu garanto: não vamos jogar com três zagueiros e no ataque teremos três ou dois atacantes que ajudem a compor o meio de campo.
A ideia de Mano é formar uma equipe que seja capaz de apresentar uma proposta de jogo e dominar o adversário com ela. Talvez a cara que o torcedor brasileiro quer ver.

Lucas, do São Paulo, também se apresentou nesta segunda-feira. Foto: Jorge William/Agência O Globo

Mas quem entra para disputar uma Copa América na Argentina sabe que o time de casa conta com um certo favoritismo. Mano é habilidoso na sua resposta.
- A Argentina é favorita da mesma maneira que o Brasil na Copa de 2014. Eles fizeram um planejamento para ter um grande desempenho. Nós vamos fazer o nosso trabalho - afirma, procurando não colocar um peso excessivo na competição que pode tornar sua situação mais tranquila ou incômoda:
- Não tenho preocupação com a Copa América. Estamos fazendo um trabalho de longo prazo e vamos aproveitar. É uma etapa.
Para os jogadores, uma esperança de conquistar espaço e confiança no coração dos brasileiros. Caso de Alexandre Pato, por exemplo.
- Estou recuperado de minha contusão e pronto para disputar uma posição no ataque com Fred. Estou preparado para ficar com a camisa nove - diz o jogador.
Quando perguntado se poderá se transformar num dos protagonistas da competição, o jogador do Milan não se faz de rogado.
- Vou lutar para isso.
O concorrente na posição, Fred, aposta em fazer uns gols para garantir o seu lugar, mas prevê dificuldades e recorre a um chavão:
- Não existem mais bobos no futebol. Serão jogos difíceis.
Para o zagueiro Thiago Silva, um desafio novo.
- É minha primeira Copa América e estou ansioso. Entre Brasil e Argentina, aponto 50% de chances para cada um vencer. Eles jogam em casa e nós somos os atuais campeões da competição.
Pato e Thiago Silva são exemplos de uma renovação que Mano Menezes está tentando fazer. Já Fred é o representante de uma geração mais velha e que ainda está representada por Júlio César, Lúcio e Robinho. Uma seleção híbrida a procura de uma cara. Cabe a Mano sinalizar que estamos no caminho certo para a Copa de 2014 sem a sombra do passado recente.

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